O autor Joaquim Senra
O livro contendo 121 poesias românticas, intitulado “Mineiro Caratinguense de Dom Lara”, é a segunda obra literária de Joaquim Ferreira Senra. O anterior, de 89 poesias, 17 delas dedicadas à Caratinga, recebeu o nome de Coisas I.
Joaquim Senra tem 77 anos, 32 morando em Cuiabá, no Mato Grosso, para onde se transferiu para tentar a sorte, por indicação de um amigo da época. Os primeiros anos foram dedicados à atividade agrícola, a mesma dos tempos em que vivia juntamente com a família no distrito de Dom Lara. Por dois anos trabalhou na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Após surgir oportunidade de ser contratado numa construtora de asfalto, jamais voltou para a roça, de onde tem saudades até os dias de hoje. Em conversa com a Reportagem na manhã de ontem, na Casa Ziraldo de Cultura, por indicação do cartunista Edra, Joaquim Senra revelou que tinha a intenção de retornar à terra natal, o que de fato não ocorreu. As lembranças do tempo de infância, dos familiares e da vida simples na zona rural de Caratinga transformou em poesias, publicadas nas duas obras de sua autoria. “Lembro que fui pisquim, pessoa responsável por comentários sobre a madrugada do Sábado de Aleluia, cuja tradição é queimar o Judas em praça pública. Obviamente, que os comentários maldosos chatearam muita gente, mas era brincadeira e todos entenderam”, comentou. Pai de cinco filhos, nenhum deles se dedicaram à literatura, porém todos incentivam a vocação de Joaquim Senra. “Tenho netos com curso superior, que me apoiam muito. Minha esposa é que mais me dá força”, destaca. Joaquim é apegado à família. Passa temporadas em Dom Lara, em companhia de dois irmãos, que ainda moram na localidade. O gosto pela escrita surgiu aos 10 anos, quando ainda residia em Minas. A transferência para Mato Grosso e a consequente jornada de trabalho, impediram que o poeta produzisse com frequência. Aos 60 anos, com a família criada e a cinco da aposentadoria, retomou a arte da escrita. Em 2004 lançou sua primeira obra, intitulada “Coisas”. Joaquim destaca a poesia “O transplante”, uma das 17 dedicadas à sua terra natal. Em janeiro deste ano, imprimiu 500 cópias da mais recente obra, “Mineiro Caratinguense de Dom Lara: Coisas II”, dedicada aos sentimentos, sobretudo ao amor. Senra disse que tem rascunhado material suficiente para 20 livros de cordel e ainda cerca de 45 poesias inéditas, dedicadas à Caratinga. “Se encontrar alguém disposto a publicá-las, registro em cartório, em troca de apenas 40 livros para doar para familiares e amigos”. Sobre a relação com Caratinga, tem dúvidas se procedeu corretamente em busca de melhores condições de vida. Acredita que se optasse por ficar, certamente teria tido o mesmo sucesso, no entanto conclui que a distância da cidade natal fez crescer ainda mais o apego pelos que ficaram e o amor pela região onde nasceu.
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